Sobre vacas e penhascos.

Clara Dantas
2 min readNov 13, 2017

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Este texto é basicamente um desabafo, mas espero que de alguma forma ele possa lhe ajudar.

Eu me chamo Clara e tenho 22 anos. Em 2016, me formei em Comunicação Social e desde então sigo meu caminho em busca da tão sonhada independência financeira.

Infelizmente, ainda não me sinto uma adulta, considerando que:

  1. Estou desempregada;
  2. Voltei a morar com a minha mãe;
  3. Todo mês recebo uma pensão razoável do meu pai.

Participei de algumas seleções de mestrado, mas o máximo que consegui foi cumprir uma disciplina como aluna especial. Hoje eu fiquei ciente de mais uma tentativa falha de ingressar em um programa de pós-graduação.

Toda essa situação me faz questionar se seguir carreira acadêmica é o que realmente quero — e só o fato de eu estar me perguntando isso já é uma reviravolta e tanto, pois desde o Ensino Médio venho bradando que “meu sonho é ser doutora antes dos 30”.

Então, lembrei do conto sobre a vaca e o penhasco. Uma amiga o mencionou numa das reuniões que nossa turma faz tradicionalmente em dezembro, para falar de experiências, aprendizados, metas e expectativas para o ano seguinte.

Essa parábola fala sobre acomodação e recomeço. Em resumo, narra a história de uma família, inicialmente pobre, que vivia às custas da produção (de leite e outros subprodutos) de uma única vaca. Depois que o animal caiu do penhasco, essas pessoas se viram obrigadas a buscar trabalho, descobrindo e potencializando suas capacidades. Com isso, obtiveram mais dinheiro e melhoraram sua qualidade de vida.

Desde que recebi meu diploma, me mantive acomodada unicamente na possibilidade de ingressar em uma pós. Tentei em 2016, não deu certo. Agora, em 2017, também não. Ora, supondo que o mestrado é a tal vaca que me rende um sustento incerto, não seria melhor atirá-la ao penhasco e descobrir outros meios de alcançar meus objetivos?

Crescer não significa necessariamente desistir dos sonhos de adolescência; mas sim adaptar-se à realidade, assumindo responsabilidades e encarando as dificuldades, ao mesmo tempo em que se reinventa e estabelece novos propósitos, a fim de continuar seguindo em frente.

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