Refletindo sobre o jogar.
Jogos definitivamente fizeram parte da minha infância.
Cresci usando o programa ZSNES para emular games de Super Nintendo. Na época, o tempo destinado a essa atividade era rigorosamente controlado por minha mãe e eu dividia um desktop com toda a família.
O primeiro jogo que zerei foi Blackthorne (1994). Modéstia à parte, não lembro de todas as conquistas seguintes, mas me orgulho de ter vencido Scar em The Lion King (1994) e Jafar em Aladdin (1993).
Graças ao VisualBoyAdvance (que peguei com meu primo Arthur), completei a PokéDex de Pokémon Leaf Green (2004) — mas, nesse caso, admito que fiz uso de cheats para conseguir algumas espécies, incluindo todos os iniciais e lendários.
Tive ainda acesso ao sistema Neo Geo e seus jogos de arcade também pelo computador. As franquias The King of Fighters e Metal Slug ofereciam diversão garantida mesmo em um curto tempo de imersão.
Foi através desse mesmo formato que conheci Garou: Mark of the Wolves (1999), um jogo de luta que zerei doze vezes — isto é, uma vez para cada jogador disponível (mas cabe ressaltar que meu personagem favorito sempre foi Freeman). Este game me marcou tanto que deu nome a uma lojinha que abri, muitos anos depois, direcionada justamente ao público gamer/nerd/otaku/geek.
O tempo foi passando, a idade chegando e, com outras prioridades aparecendo, eu já não tinha mais a paciência nem a habilidade de antes. Em Harry Potter e a Câmara Secreta (2002), não consegui vencer o basilisco. Em Cuphead (2017), desafiei o diabo e não obtive sucesso. Será que fiquei velha demais para isso tudo?
Apesar dos pesares, a paixão por jogos não parou por aí. Meu irmão Nathan, que já tinha me superado há tempos em termos de agilidade, me apresentou Undertale (2015): um jogo com visual nostálgico e narrativa tão envolvente que rapidamente despertou meu interesse. Confesso que também contei com a ajuda dele para zerá-lo (rota pacifista, ok?) e, não satisfeita, desenvolvi e publiquei um artigo científico em um livro, analisando essa experiência sob um ponto de vista educomunicativo.
Peguei gosto por esse tipo de análise. Na faculdade, publiquei um trabalho sobre a importância do uso dos jogos na educação; durante o mestrado, redigi uma pesquisa sobre Pokémon GO*, com atenção especial para os processos de dataficação e a combinação entre consumo e nostalgia.
A coisa foi ficando mais e mais complexa, não é? Aí a ficha caiu: eu estava falando muito sobre jogos, mas vivenciando pouco deles.
Então, no finalzinho do ano passado, criei uma conta em uma plataforma digital** e comprei jogos para minha biblioteca pessoal (alguns já conhecidos e outros inteiramente novos). Pode ser que esse entusiasmo não dure muito, mas, pelo menos, fica registrada a tentativa… E a reflexão despretensiosa.
Notas finais:
*Até hoje sou uma jogadora assídua de Pokémon GO! Caso queira me adicionar, meu código é: 0589 3831 6650.
**Na Steam, ainda sou uma principiante. De toda forma, meu código de amizade é: 1476271938.
Dedico este texto especialmente ao meu primo Jorginho que, ao instalar tantos jogos no computador daqui de casa, revolucionou minha infância.